Minhas orelhas doem
Hipocrisia é a falsidade disfarçada de boa conselheira
Rompo com um mundo que já não me enxerga bem
Fecho um ciclo para que novas flores nasçam
O universo sabe do meu bem-que-te-quis
Esse coração chora no mesmo instante em que alivia-se
E minhas orelhas calam.
A.P.
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Amarelazular
Não quero você pra mim
Quero do meu lado
E um amontoado de risadas
Quero tudo e o nosso nada
Ócio e suor
Leitura e textura
Dançar pra chamar chuva
Correr pra virar bruxa
Sangrar pra virar amor
Quero páginas sujas e lidas
O doce mais doce (que cebola)
Cada cor dentro da outra
Pra amanhecer no debruçar
Sopro e calor
Discos e riscos
Vomitar borboletas escritas
Transcender pra virar céu
E amarelazular!
(Anna Poulain)
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Sobre a morte do amor.
Escrever sobre amor é fácil. Palavra banalizada, usada e abusada. Difícil mesmo é falar sobre o amor que está morto. As pessoas saem, bebem, dançam e não se conformam em não "levar" alguém pra cama no final da noite. Depois, acordam com os olhos borrados e cheios de remorso. Muitos nem mesmo sabem o nome da pessoa sob seus cuidados. E assim, a rotina vai nos matando. Matando de sorrisos forçados, beijos mentirosos e orgasmos fingidos. Bravos guerreiros solitários perambulam pelos bares e alternam luas a procura de um amor prometido e moribundo. Dias cinzas quase ressuscitam quando uma palavra doce e aparentemente verdadeira abre a face em flor pra depois se transformar em vômito. Não existe mais amor. Existe uma comodidade medieval em relacionamentos convenientes e arranjados. Sempre há um motivo, dinheiro, status, amizade que se confunde, atração sexual. Mas amor, esse sem nenhuma explicação, sem quintas, sextas ou milésimas intenções, jaz no mundo dos que não voltam.
quinta-feira, 31 de julho de 2014
Poesia infame
Engole o vômito das tuas palavras sujas
Tranque-as no estômago amargo do teu ego
Mostre finalmente a tua crua e nua voz sem lirismo
E cale (me).
domingo, 15 de junho de 2014
soneto da morte do amor
desista, não de mim, do meu choro
pois é o choro que me escolhe
o choro do cavaquinho, do chico
o choro do moço, do braço que acolhe
chega de só querer mar vasto
concentra no miúdo, no brejeiro
é ali que nasce o mundo casto
chega deste choro milagreiro
provoca o riso mesmo com lágrima
finge, disfarça, que logo passa
e vai manchando página por página
é do chorar que se escreve a dor
e da tristeza se arranca a sorte
de um amor, que por ora é morte.
Anna Poulain
.anoitece a cidade (soneto de sangue).
ele chega cansado de um dia lotado
o barulho da chave traz a felicidade
ela espera o amado quase sempre atrasado
nada pede ou repele, anoitece a cidade
ele acorda bem antes, ela diz que o ama
o descer das escadas faz o sonho distante
ela pinta, recorta e as vezes reclama
de saber que só tarda o rever do amante
ela nem titubeia, abre a porta e se joga
ele quase a sufoca como presa na teia
pede braço, abraço e caminham na areia
ele sobe a calçada, ela leite e aveia
na rotina sagrada, de amor, lua cheia
cada dia que passa de jantar e de prosa
Anna Poulain
sábado, 31 de maio de 2014
.eu sofro é de saudade.
Descobri que sofro de saudade.
Fiz hemograma, cardiograma e depois de muitos gramas o médico constatou:
- É saudade.
E o que fazer quando o remédio é pílula do tempo ou chá de esquecimento?
- Saudade mata doutor? Com que veneno ou apelo?
Porque se a gente mata algo, acabou.
- Tem tratamento meu senhor?
- Talvez!
O talvez geralmente desespera.
O não é sentença. É não e pronto.
Já o sim, mesmo com remédio amargo, uma hora cura.
Mas o talvez...
Talvez eu até esqueça nomes e datas, mas rostos, cheiros e gostos, que jeito?
Saudade não tem antídoto.
É a sina das cores que vem e vão, ora cinza, ora cor escarlate.
(Anna Poulain)
sábado, 29 de março de 2014
.alforria.
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