quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Inteira(mente)

Preciso saber da tua vida
Mesmo que da minha repartida
Mesmo que de longe nada queira
Pensa que de ti serei inteira

Se vale um coração que mente
Toma que o meu finge o que sente
Sorri para o dia ser engolido
Pra noite contar que tinha mentido

Ana Oliveira

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Madeleine




















Ando por aí quase sem mim
Querendo abraçar saudades
Num caminho feito de partidas
Deixo o mar de lágrimas vividas

Ando também quase sem ti
Com olhos cheios de ausência
Regresso a um eu que era teu
Que do ontem, o hoje comeu

Desse amor que não pode ser
Quero dele que viva em alguém
Como uma Madeleine mordida
Que no devir não fora esquecida

Ana Oliveira

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

O beijo













De tão ausente e distante
Sem mais textura, nem tempo
Dormindo frio ao relento
Matou de espera o amante

Assim com a pele rasgada
Sentiu que nada sentia
De tudo que a boca sabia
Ao desejo nada adiantava

Em pensar que de loucura
Um dia incendiou a face
Que agora é rubro disfarce
Do beijo que me tortura

Ana Oliveira